Levando-se em conta que o gado proveniente de confinamentos corresponde a uma pequena parte (cerca de 6%) do total do gado abatido, no Brasil, os problemas que venham a acontecer durante o confinamento irão afetar sobretudo ao próprio produtor. Podem ser considerados como problemas no/do confinamento do gado de corte aqueles fatores ou condições que contribuem para o insucesso ou diminuição do rendimento da atividade. Os fatores que levam à diminuição do desempenho animal e/ou que comprometem a produtividade ou lucratividade do sistema podem ser subdivididos em: a) fatores que afetam os animais individualmente e, b) fatores que afetam o lote de animais. No primeiro caso estão incluídos os distúrbios metabólicos, doenças e intoxicações. Os prejuízos dependem da intensidade de ocorrência destes e do número de animais acometidos. Em geral este prejuízo é facilmente visualizado e contabilizado, pois o(s) animal(is) doente(s) se destaca(m) dos demais. No segundo caso, os prejuízos são de difícil avaliação ou visualização pelo produtor, pois o efeito negativo é uniformemente distribuído entre os animais. São derivados de fatores ou condições que impedem que a eficiência máxima seja obtida (ou seja, não há perda concreta, mas deixa-se de ganhar). Dentre os problemas que podem afetar os animais no confinamento, está a acidose, caracterizada pelo aumento do ácido lático no rúmen, geralmente em conseqüência do consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos facilmente fermentescíveis (do concentrado da ração). Inicialmente o animal perde o apetite mas, com a evolução da acidose, pode ocorrer a morte do bovino. A acidose tende a ocorrer quando não há introdução gradual da ração ou quando há aumento na quantidade consumida de grãos em decorrência de uma mudança climática, por exemplo. Silagens de baixa qualidade ou água contaminada também podem causar acidose. Para controle da acidose pode-se reduzir temporariamente o fornecimento do concentrado e fornecer bicarbonato de sódio juntamente com a ração. Alguns ionóforos também auxiliam na prevenção da acidose. O timpanismo também pode acometer bovinos em confinamento. Alguns alimentos (como leguminosas, resíduo da pré-limpeza do grão de soja, entre outros) podem favorecer seu aparecimento. O timpanismo pode ainda ocorrer quando a freqüência de alimentação não é adequada ou há alternância de super e subfornecimento de concentrados, especialmente os finamente moídos (pode haver evolução até o aparecimento de paraqueratose). No timpanismo em que é formada espuma (usualmente ligado ao uso de leguminosas) o fornecimento de óleo (de soja, por exemplo) pode amenizar a distensão do rúmen, entretanto, no timpanismo associado à ingestão de grãos, o óleo pode contribuir para o agravamento do quadro clínico. Em casos graves chega a ser necessário intervenção mecânica para expulsão dos gases do rúmen. Há no mercado remédios que auxiliam no tratamento do timpanismo e é interessante tê-los sempre disponível na farmácia. Quando mal utilizada, a uréia pode provocar intoxicação nos bovinos. A princípio, os animais mostram sintomas de desequilíbrio (animal "tonto") podendo evoluir rapidamente até à morte. Para prevenir esse quadro, a uréia deve ser fornecida acompanhada de carboidratos prontamente fermentáveis, em quantidades balanceadas, e introduzida na ração de forma gradual. Para acudir animais intoxicados é recomendado forçar a ingestão de água, preferencialmente gelada, e vinagre. Outras doenças, causadas por vírus (ex.: papilomatose, diarréias), bactérias (ex.: enterotoxemia, tuberculose), fungos, protozoários e outros vermes (ex.: cisticercose, helmintoses) e artrópodes (ex.: sarna) também podem ocorrer. Contudo, são de baixa ocorrência quando o manejo sanitário do rebanho é bem conduzido. Há ainda doenças como a reticulite e a bursite traumáticas. A primeira pode se desenvolver após a ingestão acidental de pedaços de arame, pregos ou materiais semelhantes que venham a perfurar o retículo. A segunda é mais comumente conseqüência do uso de arame ou barra não flexíveis, colocados à frente dos cochos para impedir a entrada dos animais nos mesmos. Montas e brigas entre animais, se freqüentes, podem trazer prejuízo tanto para os animais dominados (lesões) quanto para os dominantes (gasto energético superior). As causas para estes comportamentos anormais não estão bem definidas. Há casos em que é preciso retirar animais do lote para amenizar o problema. Quaisquer dos problemas anteriormente citados podem ser evitados quando os princípios básicos de alimentação e manejo de animais em confinamento são respeitados. Dentre os problemas que afetam o desempenho dos animais em conjunto, impedindo que o rendimento seja maximizado, podem ser citados: presença de lama nos currais, comprimento de cocho insuficiente, uso de alimentos de baixa palatabilidade (ex.: farinha de carne) em proporção relativamente alta, picagem do capim verde a ser fornecido com muita antecedência à hora da refeição (esquenta e fermenta, perdendo paladar). Animais bem boa conformação óssea e muscular, lotes com animais de porte, condição ou idade diferentes, excessiva movimentação dos animais, constante presença de pessoas estranhas, alteração dos horários e forma de fornecimento de alimentos, seguramente são fatores que comprometem o rendimento da engorda.